29 de set. de 2010

Tiros na Madrugada - Conto

- Maldita cidadezinha de merda!! - digo ao chegar em casa completamente molhado, por causa da chuva e do corno do motorista daquele onibus de viagem que simplesmente atolou os pneus dentro da poça d'água proxima a calçada a qual eu passava.
A paz que eu esperava alcançar ao chegar provavelmente tinha saído para dar a sua frequente caminhada noturna para retornar por volta das 7h da manhã, horario em que saio para trabalhar.
- ROMULO!! VOCE TROUXE A MINHA ENCOMENDA?!
- Acabei de chegar cara!! Deixa eu respirar? Mijar? Dizer pelo menos 'boa noite'?
- Voce faz isso depois que me der os meus oculos!
- MIRABEAU!! DEIXA A PORRA DO GAROTO CHEGAR EM CASA ANTES DE FICAR ENCHENDO O SACO!! - grita a minha mãe da sala.
- Eu só quero a porra dos meus oculos!!
- Caraca pai!! Não vou comer essa merda!! Mas eu vou chegar em casa antes de mais nada!! OK?!
Na area de serviço, estou tirando o tenis dos pés com o meu pai urubuzando a minha vida parado a porta me olhando com a mesma frase perturbadora: 'cadê a minha encomenda'.
Passo por ele como se fosse invisivel e começo a vasculhar as panelas em busca de algum resquicio de comida para tentar saciar o monstro que despertara em meu estomago. Ele me segue pela casa como se fosse um agouro. Olho para carabina encostada na parede da sala e penso como seria deflagrar sua munição e acabar com o meu transtorno, mas respiro fundo expulsando o pensamento da minha mente.
- Caraca maluco! Vou te entregar essa merda logo antes que voce me rogue uma praga!!
Pego a minha mochila e tiro a caixinha preta do oculos Ray Ban que ele havia encomendado e finalmente me livro do carma que me seguia a pelo menos 2 semanas.
- Tome cara!! E pelo amor de Deus, me esqueça por alguns dias!
O meu pai se retira e senta a sua poltrona para 'namorar' o seu novo oculos escuro enquanto eu sento frente ao meu computador.
Passada algumas horas decido me deitar para dormir, antes que meu pai ativasse a escrotidão novamente e me enchesse o saco novamente.
Por volta de 1h da manhã sinto um movimento estranho em casa e quando desperto, vejo o meu irmão com olhar carregado do horror e panico.
- O que houve?
- Tem alguma coisa errada. Tem alguem aqui!!
Ainda sonado, levanto da minha cama e pego a carabina. Tenho o cuidado para verificar de forma silenciosa se a mesma está carregada.
Ao chegar a cozinha vejo um ser grotesco, do tamanho de um pequeno cão, com o cheiro de enxofre exalando de seu fucinho fétido e podre, que está revirando a cesta de lixo.
Fico estarrecido com o que vejo e em um breve momento de horror esbarro na mesa da sala de jantar derrubando o grapeador que ali se encontrava.
Nisso, a bizarra criatura nota a minha presença. Com sua boca escancarada, gotejando uma saliva de odor infernal e seus olhos negros cintilantes, ele fita os meus olhos e o seu dorso fica completamente erichado. Estava se preparando para investir e ganhar a sua liberdade custe o que custar, mesmo que para isso tivesse que passar por cima do meu cadaver.
Continuando a fitar a vil criatura, me coloco entre ela e a sua liberdade, pronto para enfrenta-la com toda a coragem que tiver ou até o meu sangue esfriar em contato com o marmore gelado sob os meus pés. E de alguma forma, a besta-fera sabe que não vou deixa-la passar sem uma bela luta e apesar disso, ela parece se divertir.
Engatilho a minha arma exatamente no momento em que ela investe em minha direção. Em uma fração de segundos tenho que me decidir se vou disparar um tiro a esmo, sem mira e sem chances reais de vencer ou se procuro uma outra oportunidade para faze-lo. Dessa forma, corro para a porta que une a sala de estar com a área de serviço, tendo a besta em meu encalço.
Sinto o odor podre de sua boca e o seu calor infernal a me perseguir; escuto sua respiração pesada e ritmada e sei que se continuar naquela tentativa vã de fuga, logo serei pego.
Me viro para a besta-fera no exato momento em que ela salta em minha direção e rolando o corpo para o lado, consigo escapar da sua investida com o intuito de me dilacerar a jugular. Esse é o momento definitivo; espero a vil criatura se virar para mim e deflagro a munição da minha carabina, mirando entre seus olhos que deixam de existir por conta do projetil que se aloja em seu carranca hedionda.
E nesse momento escuto o estampido de uma porta sendo aberta de forma abrupta; meu pai está sob a soleira da porta, com sua maldita calça de moleton, ainda com a nevoa do sono em seus olhos, me observando.
- Puta que pariu, Romulo!! O que está acontecendo?
Sem falar nada apenas foco os meus olhos no do meu pai e depois olho para a criatura morta no quintal de casa.
- Isso está acontecendo!!
- Porra.. todo esse estardalhaço para matar um RATO??



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Rom