24 de jul. de 2011

Sozinho...

Estava eu no mais completo tédio do meu lar, sozinho em casa, assistindo a “The Glee Project” dublado, e pela Fox num final de semana. Ou seja: Literalmente na merda
Primeira vez que eu estava vendo, apesar de já saber do que se tratava, e conhecer os participantes pela internet da vida. Não gostei particularmente de nenhum, achei a maioria caricata demais, cheios de maneirismos e atitudes de diva-wannabe.
O episódio falava sobre vulnerabilidade, acho que todo mundo viu ou leu sobre este episódio não é? O que a menina gorda colocava um cartaz dizendo ser gorda, o menino anão usava um cartaz escrito pequeno, o menino negro e gay andava com um cartaz escrito gay, e eu me pergunto se o episódio deveria ser sobre o óbvio, ou sobre a vulnerabilidade em si.

Claro, os atributos que eu acabei de mencionar não são em nada positivos, mas a dizer que aqueles adolescentes se tornam vulneráveis em admiti-los? Acho que é um pouco demais. Pra mim, essa “sequência” não os torna fracos, ou frágeis, ou covardes, os torna ÚNICOS, individualizados, e com personalidade. Gays e gordos temos aos montes, em diferentes cores, alturas, tamanhos, peso; anões não temos lá tantos, mas pelo menos A MIM, não convenceu como uma vulnerabilidade.
E cá estava eu criticando e pensando em mil coisas pra falar (a ponto de interromper um texto que eu estava escrevendo sobre a Síndrome Harry Potter que se apossou do mundo) e me dei conta de que deveria pensar em escrever sobre a minha vulnerabilidade. Ou sobre meus muitos pontos fracos.

Se eu fosse um participante (Isto é, se eu fosse bonito, cantasse bem e tivesse dinheiro pra morar nos Estados Unidos –risos-) eu teria o maior orgulho em escrever –LONELY- na minha placa, como em –SOZINHO-. É, isso mesmo caros leitores, sozinho.
Ao que muitos iam se surpreender e exclamar “Como assim? Você não tem amigos? Que vida triste!”, mas deixem-me continuar meu pensamento.
Sim, sozinho é uma das palavras mais significativas pra mim, e não apenas no contexto de individualidade. Eu aprendi a apreciar os momentos que tenho de intimidade com cada um de meus neurônios; e nem tenho a desculpa de que fui criado numa família gigantesca, porque não o fui; desde pequeno, meus melhores companheiros sempre foram os livros e as miniaturas.

Mas e daí, por quê eu decidi escrever sobre isso, já que nada parece estar fazendo sentido? Ahn, um ponto crucial finalmente (aleluia, vamos erguer as mãos pro céu). Vivemos numa época em que o surto das redes sociais se multiplica; o finado Orkut, Twitter, Facebook, LastFM, Google+, Badoo, e milhares de outros só pra começar a festa, e adicionamos pessoas que fizeram parte de nossa vida e vamos conhecendo outras e outras e outras, e por fim, conhecemos tanta gente que acabamos por não conhecer ninguém.

Como é possível? Resposta simples: Superficialidade. As redes sociais são ótimas, mas não conseguem suplantar a necessidade humana real de contato, seja pra andar na rua e ver gente, pra olhar vitrine, ver um filme no cinema, comer num Burger King da vida, seja lá o que for. Quanto mais amigos você acaba tendo online, menos os conhece de verdade, menos tempo tem pras suas próprias coisas, já que grande parte da sua vida passa enquanto você olha uma tela.
Na minha época (falei que nem um velho né?) nós, crianças, ficávamos prostrados na frente de um Master System 2 ou um Mega Drive, e quando se passavam duas ou três horas, já vinham nossos pais com a mão na chavinha que ia atrás da TV e mandavam a gente pro quintal e pra rua.

Hoje em dia, quem é que nos dá limites? Quem marca nossas fronteiras? Somos tão reclusos em nossa solidão que nem percebemos. Não percebemos porque estamos tão cercados de avatares e imagens de exibição e buddypokes e Players Characters, e contatos no MSN, que nossa visão do real se torna borrada, obscura, deturpada.
Um outro dia eu deletei quase 200 contatos do MSN com quem não conversava há algum tempo, e me perguntei “Nossa, olha há quanto tempo deixei de conversar com essas pessoas, eu nem lembro do rosto de alguns deles, onde é que as coisas desandaram?”; mas não obtive resposta.


Não vou me estender, porque todo mundo tem uma vida pra cuidar né? E eu comecei falando do “The Glee Project”, e da vulnerabilidade, passei pra solidão, e estou finalmente na mensagem que tinha a passar: Talvez, nossa maior vulnerabilidade não é estarmos sozinhos, mas estarmos conectados, conectados de forma tão íntima que não sabemos mais onde termina a idéia de um e começa a do outro, tomamos notícias do facebook com uma verdade tal que a reproduzimos e ela se torna viral; a conexão virtual tornou-se tão necessária que valha-nos Deus de ter algum problema na rede, a Velox não estar respondendo, ou pior, uma falta de luz.
Desfilamos pelas ruas com nossos tablets, iphones, ipads, smartphones, sempre conectados, e às vezes nem olhamos nos olhos das pessoas que nos atendem nas lojas; sejam honestos e me digam: Vocês lembram do nome das pessoas que os atendem nas redes de Fast Food? Pois é, todos têm plaquinhas, mas quantos de nós param pra olhar? No entanto, se chega algum novo tweet ou comentário no facebook temos que ver imediatamente.

Nossa maior vulnerabilidade é a vida, ou a não-vida, aquilo que estamos nos tornando, seres cada vez mais prontos pro automático, realizando tarefas sem sequer nos darmos conta do que fazemos, aceitando conceitos em que nem pensamos direito.
Continuamos gays, hetero, lésbicas, negros, brancos, mulatos, morenos ou asiáticos; altos ou baixos, magros ou gordos, mas com uma vida virtual semelhante, cabelos coloridos e olhos grandes nos nossos avatares. E claro, uma boa dose de photoshop.
Bem, tendo desabafado, vou eu desligar o computador e dar uma volta no quarteirão. Ainda são 10 horas da noite, tá tendo uma roda de pagode ali na esquina. Não gosto nem de ouvir, mas não me custa passar por lá e ver as pessoas, aproveitar a minha solidão no meio dos outros, mas longe do virtual.

14 de jul. de 2011

De In(clusão) para Ex(clusão) em 5 passos

Tenho 26 anos, caminhando para os meus 27 anos e em breve estarei aderindo à grande massa de pessoas que terá a famosa Crise dos 30.

Nasci na primeira metade da década de 80; para ser preciso nos 45 minutos do primeiro tempo, lá em 1984. Provavelmente a maioria das pessoas que vão ler esse texto nasceu antes disso ou muito depois; porque a gama de pessoa que nasceu nessa época não se interessa ou não descobriu esse site ainda.

Lembro algumas coisas muito divertidas da minha época de infante. Hoje em dia é quase que assustador saber de uma casa que não tenha telefone fixo, mas existiu uma época em que era necessário esperar o telefone liberar o sinal para você poder falar. Estranho? Mas antigamente era exatamente assim. Os telefones em condomínios eram através de ramais e era quase como jogar roleta russa para encontrar a linha desocupada. Hoje em dia temos telefones com GPS, Sistemas Operacionais, Redes Sociais, Tv, rádio, MP3, Gadgets, Cookies e milhares de coisas que raras são as pessoas que compreendem suas funcionalidades totais. Só faltam fazer café e quem sabe um carinho mais íntimo.

E se acaso o seu telefone ficar obsoleto, porque não pedir um novo ao papai?
Eu lembro que o meu primeiro celular era um Nokia 3310 e que ele sobreviveu horrores e no final das contas quem o comprou fui eu.

Lembro que na minha infância quando faltava luz era a festa da garotada. A rua ficava infestada de crianças brincando de todos os tipos de brincadeiras, desde pique-esconde (agora com upgrade por conta da falta de luz) até reunir para contar historia de terror. Hoje em dia se faltar luz, as pessoas ficam irritadas porque não consegue acessar ao World Of Warcraft, a PSN, Xbox Live, etc. e acabam ficando reclusas as suas casas e de mau humor se der mole.

Mas o pior de tudo hoje em dia realmente é a dita inclusão digital. Essa sim veio para destruir a vida das pessoas.

Com a disseminação do pensamento de estar sempre em voga surgiu à necessidade de ter sempre um local para se exibir. E com a necessidade de se exibir surgiu a necessidade de ter algo para registro.

Lembro da época em que tirávamos fotos em máquinas de filme de rolo com suas 12, 24 ou 36 poses. Que fotos tiradas antigamente demoravam bem que uns 5 dias para ficarem prontas, só para percebermos que várias delas saíram queimadas, desfocadas ou que acabamos por cortar a cabeça de alguém. E mesmo assim as fotos acabavam em álbuns de fotos guardadas em caixas ou pastas para mostrar a amigos e familiares.

Hoje em dia qualquer pessoa pode ter uma renca de fotos no computador ou espalhados pela internet. Qualquer telefone tira foto, até os mais ‘lambe-lambe’. Você consegue comprar uma Sony Cybershot Point-and-shot por qualquer R$200,00. E logo pode encher a vida das outras pessoas com fotos assustadoras.

Quem hoje em dia tem um álbum de fotografia físico para mostrar aos amigos? Quer ver meu álbum de fotografia? Te mando o link dele no Picasa/Flickr/Fotolog/Flogão/Facebook e esses são apenas os mais famosos.

Hoje temos de tudo na internet. Redes sociais das mais diversas, onde você pode ser o que quiser, falar o que quiser, ser como quiser. Quase temos mais redes sociais no mundo do que pessoas e as mesmas gostam mais de interagir através delas do que pessoalmente.

Quer falar como seu dia foi chato, porque o papai não deixou você sair com os seus amiguinhos?

Cria um blog e coloca lá todas as suas reclamações, mas não se esqueça de encher o saco das outras pessoas para ver o que você escreveu.
A verdade é que acabo por acreditar que inclusão digital está se transformando em exclusão cerebral.

Acha que é exagero meu? Lanço o desafio de você navegar pela net por 20 minutos e anotar quantos sites de conteúdo relevante você encontra.


*Esse post não tem imagens de forma proposital

7 de jul. de 2011

Somos Todos Garotos Infantes



O titulo nada mais é que uma forma sincera do pensamento que tenho. Isso é um fato incontestável da nossa geração. Se você que lê essa ‘coluna’ tem mais do que 28 anos, existe uma possibilidade de não se encaixar nas coisas que vou falar.

Mas a verdade é que até mesmo as pessoas transeuntes na faixa dos 30 anos, não devem ter tido grandes oportunidades de colocar em pratica a sua voz ativa para mudar o país. A não ser durante um jogo de futebol em que esforçou para xingar o juiz.

Comigo não é diferente. Não estou colocando o dedo na ferida do vizinho sem ter a consciência de que a minha infantilidade política está em risco.

Pense bem, caro leitor; quando foi a ultima vez que você fez voz ativa para qualquer coisa? Qual foi a ultima vez que você teve noticia de uma passeata em prol de algo que realmente valha à pena?

Passeatas em prol do orgulho gay são muito divertidas; é basicamente uma festa de rua gigante. Mas em que isso muda o rumo do país e da sociedade em que vivemos? A verdade que necessário ou não, essa é uma passeata em prol de uma ‘minoria’.


Quando foi a ultima vez que você teve noticia de uma passeata estudantil com força e vontade de mudar as coisas realmente? Na minha época de colégio falava-se muito dos movimentos populares para ‘correr atrás’ dos direitos de ir e vir, de liberdade de expressão. Mas até mesmo o ultimo grande movimento estudantil, no Impeachment do Collor, com suas caras pintadas correndo as ruas, não foi um movimento diretamente do povo. Ele seria deposto de uma forma ou de outra. A massa burguesa e que tinha entrado pelo cano com as atitudes dele, já haviam decidido que já estava na hora de parar.

Hoje carregamos uma medalha de honra ao mérito e coragem que não sabemos o motivo de estar ali, pendurada em nosso peito.

Nossos heróis morreram de overdose. As pessoas costumam exaltar o cantor Renato Russo como sendo um mártir ou deus. Mas a verdade é que ele foi pelo menos na musica, a voz de muito jovens. Em um dos seus shows ele pronuncia a frase “Não pode existir guerra santa, é uma contradição em termos”.

Hoje, os encontros anuais da UNE nada mais são do que festas a la Woodstock. Mas a verdade é que os nossos jovens não têm mais voz ativa e não sabem pelo que lutar. E como dizia o meu avô ‘mente vazia é oficina do diabo’.

O que os nossos jovens hoje em dia sabem? Pelo que eles lutam?

Alcançamos o direito de ter liberdade de expressão. Uma liberdade que poderia ser o motivador de botar a boca no trombone e gritar, mas o que vemos hoje em dia é uma explosão de baboseiras. Hoje temos vários blogs, weblogs e afins com uma gama de conteúdo irrelevante que dá até nojo. Com a explosão digital, não existe mais motivo algum para descrever algo de útil. Com a liberdade desesperada de expressão surgiu à falta de conteúdo.

Finalmente a massa ignóbil venceu, pois os lutadores de antes hoje penduraram suas luvas e alguns deles entenderam que em alguns combates temos que nos unir aos combatidos. E com isso não temos mais voz ativa.
O máximo de revoltoso de hoje em dia

Cada vez mais os nossos jovens são dominados pelas mentes opressoras e não se dão conta disso, porque hoje em dia o interessante é postar vídeos no YouTube, passar o dia inteiro no MSN, acessar e colecionar amigos no Orkut e/ou Facebook e falar do quanto seus pais são chatos por não deixarem ir ao show de qualquer banda emo no Twitter ou em blogs da vida.

É pensando nisso que vejo que a minha geração que realmente sabia se divertir. Apesar de que não tivemos pelo que lutar, mas pelo menos passávamos mais tempo brincando na rua do que dentro de casa em frente a caixas frias, chamadas de computadores. E ainda se perguntam por que as crianças de hoje em dia comentem atrocidades; para mim é muita energia acumulada e má utilizada.