14 de jul. de 2011

De In(clusão) para Ex(clusão) em 5 passos

Tenho 26 anos, caminhando para os meus 27 anos e em breve estarei aderindo à grande massa de pessoas que terá a famosa Crise dos 30.

Nasci na primeira metade da década de 80; para ser preciso nos 45 minutos do primeiro tempo, lá em 1984. Provavelmente a maioria das pessoas que vão ler esse texto nasceu antes disso ou muito depois; porque a gama de pessoa que nasceu nessa época não se interessa ou não descobriu esse site ainda.

Lembro algumas coisas muito divertidas da minha época de infante. Hoje em dia é quase que assustador saber de uma casa que não tenha telefone fixo, mas existiu uma época em que era necessário esperar o telefone liberar o sinal para você poder falar. Estranho? Mas antigamente era exatamente assim. Os telefones em condomínios eram através de ramais e era quase como jogar roleta russa para encontrar a linha desocupada. Hoje em dia temos telefones com GPS, Sistemas Operacionais, Redes Sociais, Tv, rádio, MP3, Gadgets, Cookies e milhares de coisas que raras são as pessoas que compreendem suas funcionalidades totais. Só faltam fazer café e quem sabe um carinho mais íntimo.

E se acaso o seu telefone ficar obsoleto, porque não pedir um novo ao papai?
Eu lembro que o meu primeiro celular era um Nokia 3310 e que ele sobreviveu horrores e no final das contas quem o comprou fui eu.

Lembro que na minha infância quando faltava luz era a festa da garotada. A rua ficava infestada de crianças brincando de todos os tipos de brincadeiras, desde pique-esconde (agora com upgrade por conta da falta de luz) até reunir para contar historia de terror. Hoje em dia se faltar luz, as pessoas ficam irritadas porque não consegue acessar ao World Of Warcraft, a PSN, Xbox Live, etc. e acabam ficando reclusas as suas casas e de mau humor se der mole.

Mas o pior de tudo hoje em dia realmente é a dita inclusão digital. Essa sim veio para destruir a vida das pessoas.

Com a disseminação do pensamento de estar sempre em voga surgiu à necessidade de ter sempre um local para se exibir. E com a necessidade de se exibir surgiu a necessidade de ter algo para registro.

Lembro da época em que tirávamos fotos em máquinas de filme de rolo com suas 12, 24 ou 36 poses. Que fotos tiradas antigamente demoravam bem que uns 5 dias para ficarem prontas, só para percebermos que várias delas saíram queimadas, desfocadas ou que acabamos por cortar a cabeça de alguém. E mesmo assim as fotos acabavam em álbuns de fotos guardadas em caixas ou pastas para mostrar a amigos e familiares.

Hoje em dia qualquer pessoa pode ter uma renca de fotos no computador ou espalhados pela internet. Qualquer telefone tira foto, até os mais ‘lambe-lambe’. Você consegue comprar uma Sony Cybershot Point-and-shot por qualquer R$200,00. E logo pode encher a vida das outras pessoas com fotos assustadoras.

Quem hoje em dia tem um álbum de fotografia físico para mostrar aos amigos? Quer ver meu álbum de fotografia? Te mando o link dele no Picasa/Flickr/Fotolog/Flogão/Facebook e esses são apenas os mais famosos.

Hoje temos de tudo na internet. Redes sociais das mais diversas, onde você pode ser o que quiser, falar o que quiser, ser como quiser. Quase temos mais redes sociais no mundo do que pessoas e as mesmas gostam mais de interagir através delas do que pessoalmente.

Quer falar como seu dia foi chato, porque o papai não deixou você sair com os seus amiguinhos?

Cria um blog e coloca lá todas as suas reclamações, mas não se esqueça de encher o saco das outras pessoas para ver o que você escreveu.
A verdade é que acabo por acreditar que inclusão digital está se transformando em exclusão cerebral.

Acha que é exagero meu? Lanço o desafio de você navegar pela net por 20 minutos e anotar quantos sites de conteúdo relevante você encontra.


*Esse post não tem imagens de forma proposital

Um comentário:

Ivo disse...

Fala Rômulo. E pensar que aparecemos pro mundo em 84... caraca... parece q foi ontem.
É mesmo... quando faltava luz, eu lembro q eu ficava perguntando pro meu pai q trabalhava na Light* por q faltou luz! E agente brincava de pik-esconde.. putz... Catava vagalume e botava nula lata de leite em pó com furos ou tampa feita de plástico de sacola de mercado. A época era boa: eu, vc, gustavo, thiago, felipe, thieres... sem contar com o pai do gustavo e o pai do thiago. Jogávamos bola no escuro, íamos pra rua conversar sem ver a cara de sono de cada um antes de ir dormir. Adorei este post. E quanto as fotos, ainda tenho várias não-digitalizadas, e quanto aos celulares, bom, vai do gosto de cada um. contanto que funcione e tire fotos e tenha internet seja lá qual for tá valendo. um abraço.